segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Conferência Michel Maffesoli na UFSC

Up-date com o áudio do Maffesoli

Com o podcast, consegui finalmente colocar no ar o áudio da conferência do Maffesoli em Florianópolis. O link está aqui, ou na postagem logo mais abaixo. Vale a pena conferir.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Maffesoli em Florianópolis

Na terça-feira passada, o sociólogo francês Michel Maffesoli fez uma conferência na UFSC. Acompanhei o evento e gravei a fala do intelectual, considerado um dos mais brilhantes pensadores da sociedade contemporânea. Foi a quinta ou sexta vez que ele esteve na Universidade Federal de Santa Catarina. Cerca de 1,3 mil pessoas formaram a audiência compenetrada que ouviu o mestre. Assim que for possível, pretendo disponibilizar o áudio integral aqui no blog.

7a. Semana de Jornalismo

Acontece esta semana na UFSC a 7a. Semana de Jornalismo.

Entre as atividades programadas estão mesas e mini-cursos.

Confira a programação completa no http://www.semanadojornalismo.ufsc.br/index.php

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Carta de São Paulo

O 33º Congresso Nacional dos Jornalistas, encerrado sábado (23) em São Paulo, editou uma carta com a síntese das discussões dos temas que preocupam os profissionais. Quem não leu, pode ler aqui.

Carta de São Paulo

Os jornalistas brasileiros, reunidos no 33º Congresso Nacional da categoria, realizado na cidade de São Paulo, de 20 a 24 de agosto de 2008, para discutir o tema O Jornalismo, o mundo do trabalho e a liberdade de imprensa, manifestam publicamente à Nação brasileira a preocupação com os constantes ataques à profissão de jornalista, à democracia na comunicação e à liberdade de expressão e de imprensa.

No momento em que se comemoram os 200 anos de imprensa no Brasil, o direito da sociedade brasileira de ter acesso à informação de qualidade, plural e democrática está seriamente ameaçado pela mais contundente ofensiva de desregulamentação da profissão dos jornalistas: a tentativa de eliminar a exigência da formação específica em Jornalismo para o exercício profissional. O ensino superior em Jornalismo é o alicerce sobre o qual se constitui legalmente a profissão há quase quarenta anos. É uma conquista da categoria e da sociedade brasileira, fruto de um século de luta pela qualificação e pela consolidação do jornalismo como uma atividade de interesse público e um instrumento de fortalecimento da democracia.

Os jornalistas denunciam publicamente a tentativa de grande parte dos empresários dos meios de comunicação de confundir a opinião pública quanto à importância da regulamentação de nossa profissão. Na verdade, o jornalista atua como um mediador das diversas opiniões que constituem a esfera pública contemporânea e, por dever ético, não expressa opinião pessoal nas notícias e reportagens que produz. A mesma tentativa de manipulação se dá em relação ao Conselho Federal de Jornalistas que, além de constituir uma instância de organização profissional, a exemplo de outras categorias, é um mecanismo a serviço da sociedade para garantia do exercício ético da profissão.

O 33º Congresso Nacional dos Jornalistas, em decisão histórica, aprovou a criação da Comissão Nacional pela Igualdade Racial e selou um compromisso pela superação de todas as formas de assédio e discriminação no ambiente de trabalho e social. Os jornalistas brasileiros também repudiam as diversas formas de aviltamento da profissão, que se manifestam na sobrejornada, no acúmulo de funções, na desvalorização salarial, na terceirização de serviços, no desrespeito à condição de autor e na perda dos direitos sociais e trabalhistas pela contratação de jornalistas como pessoa jurídica. A precarização das relações de trabalho é uma prática que não espelha a realidade econômica das empresas de comunicação que, ano após ano, vêm apresentando lucros.

O problema se agrava com a oligopolização da comunicação no Brasil. Oito famílias e grandes corporações controlam a grande mídia nacional. A concentração dos meios de comunicação, facilitada pela propriedade cruzada, não apenas reduz postos de trabalho e obriga o jornalista a produzir para diversos veículos do mesmo grupo empresarial, mas restringe o direito da sociedade à pluralidade de informações.

Diante do atual cenário, os jornalistas brasileiros reafirmam a sua luta histórica pelo direito da sociedade à informação e pela liberdade de expressão e de imprensa, exigem a realização imediata de uma Conferência Nacional de Comunicação, convocada pelo governo brasileiro para discutir políticas públicas que democratizem a comunicação no Brasil, defendem a aprovação de uma lei de imprensa democrática e cobram do Estado brasileiro políticas públicas de segurança que garantam a dignidade dos cidadãos brasileiros e assegurem aos jornalistas a integridade no exercício da profissão e a liberdade de informar a sociedade em todo o território nacional.

São Paulo, 23 de agosto de 2008.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Jornalismo e Desenvolvimento Regional

CCT vota proposta que autoriza rádios comunitárias a formarem redes na Amazônia
Silvia Gomide - Agência Senado

Projeto que está na pauta de quarta-feira (27) da Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT) tem o objetivo de permitir que rádios de difusão comunitária da Amazônia Ocidental formem redes para a transmissão de programas exclusivamente jornalísticos ou educativos em benefício do desenvolvimento geral da comunidade.

A proposta (PLS 251/08), de autoria do senador Geovani Borges (PMDB-AP), determina ainda que as transmissões em rede não poderão exceder o limite de 15% do total da programação. Na justificação do projeto, Geovani Borges explica que o objetivo é levar informação a regiões menos favorecidas e carentes. O relator, senador Expedito Júnior (PR-RO), apresentou voto favorável à matéria, que receberá decisão terminativa na CCT.

Segundo o autor do projeto, a criação dos sistemas de radiodifusão comunitária significou o reconhecimento da importância das emissoras de baixa potência como veículos de prestação de utilidade pública e de integração das comunidades. O senador acredita, no entanto, que a atual regulamentação do serviço, que proíbe a formação de redes de transmissão por esse tipo de emissora, não levou em conta o desequilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do país.

Para Geovani Borges, a proibição às emissoras comunitárias de formarem redes de transmissão vem impedindo, em regiões como a Amazônia, que o serviço possa cumprir plenamente o objetivo para o qual foi criado: integração das comunidades e promoção da cultura local.

- Nessa região, a densa floresta, as imensas distâncias condenam as populações ribeirinhas ao isolamento, à falta de acesso aos mais variados bens e serviços. Não se pode privá-las, igualmente, de usufruir da riqueza advinda da troca de informações, em um mundo que se conecta em rede - defendeu o senador.
Pesquisa
Também está na pauta da CCT projeto (PLS 256/08) do senador Cristovam Buarque (PDT-DF) que cria Centros de Pesquisa e de Desenvolvimento da Educação nas instituições federais de educação superior. A proposição recebeu voto favorável do senador Romeu Tuma (PTB-SP) e, caso aprovada na CCT, receberá decisão terminativa na Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE).

A proposta de Cristovam obriga as instituições federais de educação superior a criarem os referidos centros de pesquisa que terão como objetivo "desenvolver pesquisas e práticas para avaliar e difundir tecnologias educacionais, de preferência para as escolas de educação básica pública, de forma a qualificar os processos de aprendizagem das crianças, adolescentes, jovens e adultos".

O senador afirma que a qualidade da aprendizagem dos estudantes brasileiros precisa melhorar urgentemente. Cristovam reconhece que o país deu "saltos na educação", tanto pela expansão da oferta de vagas no ensino fundamental obrigatório quanto pela difusão do ensino médio e superior. Mas, acredita, é preciso promover iniciativas que garantam a qualificação desse ensino, como a sugerida pelo projeto em questão.

- Os métodos de ensino e aprendizagem estão evoluindo de maneira rápida nos campos da pedagogia, neurobiologia e todas as ciências do processo cognitivo. O Brasil, sob pena de se condenar a um subdesenvolvimento crônico, não pode permitir-se a omissão na incorporação dos avanços nos sistemas de ensino quando as demais nações deslancham nessa direção - diz Cristovam.

A reunião da CCT está marcada para as 8h45.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Produção científica cresce 133% em 10 anos no país

Matéria da repórter Marta Salomon, da sucursal de Brasília do jornal Folha de S.Paulo revela na edição de hoje (4/7) os avanços na produção científica brasileira nos últimos dez anos. Clique aqui e leia a reportagem no site do jornal.

O Brasil ocupa a 15ª colocação no ranking mundial, liderado pelos EUA, e que leva em conta a publicação de artigos científicos em publicações internacionais. Na reportagem da edição impressa da Folha desta sexta-feira, na página A22, existem dois gráficos com a evolução por países.

A repórter apurou que as áreas que mais produziram foram medicina, agricultura e ciências biológicas, bioquímica, genética e biologia molecular, física e astronomia. O Brasil é responsável por mais da metade da produção científica de toda a América Latina. O segundo colocado é o México, que vem em 30º lugar no mesmo ranking.

Um desafio para todos nós do campo do jornalismo é contribuir para melhorar ainda mais este cenário.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Artigo interessante

11 de junho de 2008. | N° 70

Distorção comunicacional
Valdete Daufemback*

Chamou-me a atenção, no bairro Jardim Paraíso, pela sua originalidade, o nome de um estabelecimento comercial. Mas deixaria perplexo qualquer vernaculista sem familiaridade com o mundo da publicidade. Ao entrar no recinto, procurei saber a razão do nome exposto na fachada do prédio. O proprietário, no meio da retórica explicativa, foi logo inferindo: "Olha, aqui no bairro tem muito coisa boa, não é só o que mostram os noticiários".

Essa expressão afirmativa em relação ao Jardim Paraíso é comum se ouvir dos moradores locais. O motivo? A imagem do bairro veiculada nos meios de comunicação. De tanto esse bairro ser rotulado como "o mais violento de Joinville", os moradores criaram mecanismos de defesa em oposição ao discurso homogeneizante da mídia, que, ao fazer recortes na composição das informações a serem divulgadas, evidencia um ângulo de conteúdo impactante socialmente e, a partir daí, justifica tomar o todo do local por este ponto.

Na configuração deste cenário, parece apropriado buscar em Habermas a expressão "distorção comunicacional" para, minimamente, compreender a ação dos comunicadores. À medida que o profissional da comunicação produz um texto alienado do contexto, está, ingenuamente, ou intencionalmente, pela simplificação da informação, instituindo uma mentira. O comunicador, nesta forma de fazer jornalismo, presta um desserviço à sociedade, pois apenas fomenta a cultura do medo, ao transformar uma ocorrência policial em um perigo social generalizado.

No capitalismo de mercado, para a mídia as notícias viraram mercadorias. Assim, nos meios de comunicação costuma-se dizer que a "boa notícia é a má notícia". Então a empresa de comunicação aposta na venda de notícias conforme o gosto do consumidor. Neste sentido, qual a função social dos meios de comunicação? Seria levar à sociedade informação sobre assuntos de interesse social? Neste caso, estaria a sociedade disposta a consumir uma "distorção comunicacional", contribuindo para a valorização da mentira instituída?

Os comunicadores, durante o processo de formação profissional, aprendem a refletir teoricamente nos vários campos do conhecimento, incluindo a ética. Porém, no campo do trabalho, há profissionais que, antecipadamente ao conhecimento do contexto dos fatos que viram notícia, se acham na autoridade de fazer julgamentos precipitados sem qualquer preocupação ou respeito com as pessoas envolvidas - ou rotulam toda a população residente em um bairro pela ação de algumas pessoas. Isso leva a crer que o conhecimento não leva, necessariamente, à ética, mas a ética é que fundamenta o conhecimento. Mais do que conhecimento, é preciso responsabilidade e sensibilidade para lidar com questões sociais.

No contexto da porosidade da fronteira entre a ética e o conhecimento, a população do Jardim Paraíso passa pelo constrangimento de ser alvo da exposição da mídia. Na edição 9 do "Jornal do Paraíso", um periódico das organizações sociais do bairro veiculado mensalmente, moradores se manifestaram a esse respeito porque acham que os jornalistas estão contribuindo na construção de uma imagem negativa sobre o Jardim Paraíso. Por isso, o "Jornal do Paraíso" entrevistou alguns dos jornalistas que fazem cobertura das matérias policiais veiculadas em jornais, rádios e emissoras de televisão, para entender a disposição da mídia em retratar o bairro como o lugar da violência.

É inadmissível que a falta de humanização na divulgação de matérias tenha uma explicação tão simplesmente de ordem técnica, como a falta de tempo, de espaço ou para chamar a atenção das autoridades ou ainda para responder a uma necessidade que muitas pessoas têm por informações trágicas. Nessa lógica, os meios de comunicação são o remédio/veneno para os males do Paraíso.

Divulgar homicídios como estatística, rotular um local como "o mais violento", fazer matérias de cunho sensacionalista em nada ajuda no processo da comunicação social; ao contrário, são informações desprovidas de sentido. Afinal, os profissionais da comunicação deveriam agir em defesa da população, não como inimigos, para quem se evita dar informações temendo a divulgação de uma mentira instituída.

Considerar que a contextualização dos fatores da violência na elaboração da matéria a ser divulgada constitui perda da essência do trabalho do profissional da comunicação só faz endossar a presença da prática da "distorção comunicacional", da qual os moradores do Jardim Paraíso são afetados.

( vdaufen@terra.com.br )

*Mestre em história cultural e professora de sociologia em Joinville

Fonte: Opinião - Jornal A Notícia