sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

FNDC defende em nota oficial mudanças na TV Brasil

O Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação lançou, no dia 7 de dezembro, nota oficial com seu posicionamento sobre a criação da TV Brasil. Para o FNDC, a criação da EBC pelo governo federal é legítima, mas ainda está distante do conceito de TV pública que as entidades que o integram defendem. Por isso, o Fórum reivindica que o Congresso Nacional promova mudanças na MP 398, aperfeiçoando o projeto.
Para o FNDC, o modelo de gestão da TV Brasil deve assegurar a participação e o controle da sociedade, assegurando sua independência em relação ao governo. Outra crítica é quanto à verticalização da programação da emissora, que inibe o fortalecimento da regionalização e descentralização da produção midiática e cultural, o que poderia ocorrer com existência de diversas cabeças de rede.
“Ainda há tempo para este governo legar ao País uma TV Brasil que faça jus ao seu nome, constituindo-se em um marco de transformações revolucionárias na comunicação nacional”, conclui o documento, que também questiona a composição do Conselho Curador da EBC. Veja a íntegra da nota oficial a seguir.
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Em defesa de uma TV do Brasil
O FNDC conclama o governo federal a revisar seus encaminhamentos e apela ao Congresso Nacional para que aperfeiçoe a MP da TV Brasil. Está no ar a TV Brasil, que nasce para constituir-se como uma rede pública de televisão, comprometida com a pluralidade social e cultural. O Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) considera a TV Brasil vital para a consolidação de uma identidade brasileira marcada por valores populares e democráticos, bem como para assegurar o trânsito indispensável ao conhecimento e à cultura universais.
A solidificação da nação brasileira reclama a prática de uma comunicação social que expresse as mais genuínas manifestações do seu povo, seus anseios e reivindicações. Igualmente, reclama o debate aberto dos temas contemporâneos, cujo domínio coletivo é indispensável para a escolha dos rumos nacionais.
O FNDC defende, portanto, a criação da TV Brasil, reconhecendo-a como legítima iniciativa governamental. Ela poderá elevar os interesses da cidadania acima dos interesses comerciais que, de modo geral, desvirtuam a televisão privada e tendem a eliminar da sua programação potencialidades humanizadoras. Entretanto, o FNDC alerta os responsáveis pela TV Brasil e ao governo federal que os bons propósitos da iniciativa correm o sério risco de não se confirmarem.
Obviamente o Estado, em variados graus, representa o interesse público – daí a legitimidade da criação, pelo governo, de uma TV dita pública. Mas o Estado não substitui o Público.
São bem conhecidos os limites da democracia representativa. Apesar disso, a estrutura adotada para a TV Brasil desconsiderou a participação da sociedade civil e dos movimentos sociais, dos movimentos que lutam pela democratização da comunicação, dos pesquisadores e trabalhadores da comunicação. Sem esses segmentos sociais não há como garantir um estatuto público à televisão. Trata-se de uma evidência histórica estranhamente ignorada pelos responsáveis que ainda não explicaram como, para erguer uma TV pública, dispensam o acúmulo público sobre o tema.
Essa opção refletiu-se nos conceitos de gestão, programação e financiamento adotados que, além de não assegurarem o caráter público da TV Brasil, sequer garantem a sua continuidade nos próximos governos ou a oferta de práticas e conteúdos televisivos adequados às demandas da nacionalidade. Além disso, ao criar a TV Brasil desprezando o conhecimento especializado nacional, o governo brasileiro furtou-se à obrigação de praticar uma comunicação assentada em novas bases tecnológicas.Tal como está, a TV Brasil deixa de valer-se da convergência tecnológica, de agregar à sua rede uma oferta de serviços digitais e de viabilizar a inclusão social. Nem mesmo foi pensada uma rede integrando as produções regionais. A proposição apresentada condiciona a participação das emissoras dos vários estados à imposição de uma programação.
Ademais, a comunicação pública não pode mais ser compreendida como o ato de tornar públicos conteúdos relevantes, apenas. Ela representa a base tecnológica e política de um grande diálogo nacional, entre o Estado, o cidadão e a cidadania. Sem esse diálogo não se configuram, na contemporaneidade, os pressupostos republicanos.O FNDC, entidade reconhecida pelas suas ações históricas para a formulação de políticas públicas de comunicação, conclama o governo federal a revisar os posicionamentos adotados para a TV Brasil, abrindo-se para a sociedade civil e os movimentos sociais, com eles dialogando e examinando as suas contribuições.
Igualmente, apela ao Congresso Nacional para que aperfeiçoe a Medida Provisória criadora da TV Brasil, assegurando o seu caráter público. Sabem os atuais governantes, desde as suas origens, que o eleito não substitui o eleitor e que a boa democracia não prescinde da participação popular.
Ainda há tempo para este governo legar ao País uma TV Brasil que faça jus ao seu nome, constituindo-se em um marco de transformações revolucionárias na comunicação nacional.

Brasília, 7 de dezembro de 2007.

Coordenação Executiva do FNDC

http://www.fenaj.org.br/materia.php?id=1931

Ministro das Comunicações quer parceria para desenvolver rádio digital no Brasil

O governo quer ser parceiro da empresa norte-americana i-Biquity, detentora da tecnologia HD Radio, no desenvolvimento de um sistema de transmissão e recepção de rádio digital adaptado às particularidades brasileiras. O anúncio foi feito pelo ministro das Comunicações, Hélio Costa, em reunião, em Brasília, nesta quinta-feira (13 de dezembro), com representantes de 89 professores e pesquisadores ligados ao Núcleo de Pesquisa Rádio e Mídia Sonora da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom). A comissão, integrada pelos professores Luiz Artur Ferraretto, Nair Prata e Nélia Del Bianco, entregou ao ministro uma carta com propostas de parâmetros científicos para a adoção de uma tecnologia digital para o rádio. O encontro foi intermediado pelo secretário de Telecomunicaçõ es, Roberto Martins.

Ao se referir à parceria com a i-Biquity, o ministro disse que o interesse do governo é ser como um sócio da empresa para, inclusive, fabricar equipamentos no Brasil e, no futuro, exportar transmissores e receptores para outros países da América Latina. Hélio Costa condicionou esta aproximação à abertura da tecnologia, hoje proprietária, ou seja sob controle total da empresa. Com a medida, os radiodifusores passariam a ter direito de uso e de adaptação do HD Radio às características do sistema de radiodifusão sonora brasileiro. O ministro acenou, ainda, com a possibilidade de abertura de financiamentos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a indústria eletro-eletrô nica. Até o final do ano, Hélio Costa espera receber da Agência Nacional de Telecomunicaçõ es (Anatel) um relatório, "pormenorizado e consolidado" , sobre a situação dos testes com o HD Radio que estão sendo realizados por emissoras comerciais.

Durante o encontro, o ministro comprometeu- se em manter um canal aberto à discussão com a comunidade científica, prometendo analisar as sugestões apresentadas pelos pesquisadores. A comissão de representantes dos pesquisadores de rádio e mídia sonora avalia como positivo o encontro com Hélio Costa e seus assessores. Os professores esperam que a decisão sobre o sistema brasileiro de rádio digital considere as sete diretrizes apontadas na carta entregue ao ministro: manutenção da gratuidade do acesso ao rádio, transmissão de áudio com qualidade em qualquer situação de recepção, adaptabilidade do padrão escolhido ao parque técnico instalado, coevolução e coexistência do digital com o analógico, aparelho receptor com potencial de popularização, escolha de uma tecnologia não-proprietária e com potencial de integração do rádio com outras mídias digitais.


Brasília, 13 de dezembro de 2007

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Reajuste de beca...

E essa novidade anunciada esta semana pelo presidente Lula. Aumentou em 25% o valor das bolsas de Mestrado no País. O valor da beca passa agora a R$ 1,2 mil mensais. Faz parte do tal pacote de bondades que o Governo Federal andou lançando por aí. Clima de final de ano, festas... cenário propício.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Professor novo e o nosso site

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O blog do GJOL, da Bahia, colocou no ar o post abaixo:


Mestrado em Jornalismo oferece bolsa para recém-doutor


O Mestrado em Jornalismo da UFSC aceita candidaturas de recém-doutores interessados em atuar no programa através de bolsa prodoc da Capes.

A manifestação de interesse deve ser encaminhada para o email posjor@cce.ufsc.br até o dia 27/11, em carta em que o recém-doutor informe a linha de pesquisa do Mestrado em que pretende atuar, e apresente um esboço preliminar do projeto de pesquisa que pretende desenvolver no período da bolsa. O candidato deve anexar o currículo lattes.

O programa de Mestrado selecionará um único candidato para encaminhar à Capes, e o resultado desta seleção será comunicado aos participantes até o dia 30/11.

A seleção vai considerar: 1) a aderência do projeto esboçado à área de concentração e a uma das linhas de pesquisa do programa; 2) a relevância, originalidade e complementariedade do projeto em relação à capacidade de pesquisa instalada no programa; 3) A produção científica e a experiência acadêmica do candidato.

O candidato selecionado nesta fase deverá finalizar o projeto de pesquisa esboçado na primeira carta até o dia 10 de dezembro, dando-lhe formatação final para encaminhamento à Capes através da Pró-Reitoria de Pós-Graduação da UFSC.

As informações sobre a bolsa prodoc estão disponíveis no site da Capes.
As informações sobre o Mestrado em Jornalismo da UFSC estão disponíveis no site do programa.
Outras informações podem ser solicitadas através do email posjor@cce.ufsc.br

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Diz o Marcos Palacios, autor do post, que as informações estão disponíveis no site do mestrado, mas não consegui achar ali. Talvez seja só aqui em casa, mas, se não for, é o caso de avisar o prof. Eduardo.

Aliás, o nosso site anda bem judiado. O resultado final da seleção não está ali, o link corpo discente está incompleto e as notícias, quando postadas, são apenas colocadas ali, sem cuidado com a diagramação e com o uso de outros recursos que não o texto. Era uma boa idéia darmos uma ajeitada nele até o início do semestre que vem, o que acham?

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terça-feira, 23 de outubro de 2007

Banco de dados do Journal Storage


Mesmo correndo o risco de chover no molhado, publico o link de acesso para a "Journal Storage", banco de dados de periodismo erudito nos Estados Unidos. Infelizmente, este banco de dados não está disponível para acadêmicos da UFSC (mesmo estando para várias outras universidades brasileiras). Mas é possível solicitar o envio de artigos aos administradores.

Eis a sua descrição principal: "JSTOR is a not-for-profit organization with a dual mission to create and maintain a trusted archive of important scholarly journals, and to provide access to these journals as widely as possible. JSTOR offers researchers the ability to retrieve high-resolution, scanned images of journal issues and pages as they were originally designed, printed, and illustrated. The journals archived in JSTOR span many disciplines. For more information about the JSTOR collections, please visit Currently Available Collections and Journals."

O que de mais singular eu encontrei foi uma publicação da década de 50 a respeito de Hipólito da Costa. Essa publicação se soma a uma porção de outros estudos, não só na Jstor, é claro, que tem sido feitos por norte-americanos a respeito do Brasil. Estes estudos estão sintetizados por Paulo Roberto Almeida (http://www.pralmeida.org/) em obra que deverá ser lançada em breve.

Entrevista do Prof. Eduardo para a FENAJ


A luta é para consolidar um centro de referência importante de pesquisa em Jornalismo

No dia 6 de agosto o primeiro curso de Mestrado específico em Jornalismo do Brasil inicia efetivamente suas atividades. Qual o caminho percorrido até torná-lo realidade? Por quê construir e viabilizar este Mestrado? Quais suas linhas de pesquisa? Quais seus desafios? Para responder a estas e outras questões, convidamos o coordenador do Programa de Pós-Graduação em Jornalismo da UFSC, pesquisador do CNPq e um dos principais batalhadores por este mestrado, o professor Eduardo Meditsch.

Jornalista formado pela UFRGS, Meditsch tem 33 anos de profissão, nos quais colecionou um currículo invejável. Trabalhou nas rádios Continental, Gaúcha e Guaíba, na TV Guaíba e no jornal Folha da Tarde, todos de Porto Alegre, e também na Rádio Jornal do Brasil e na TV Educativa, do Rio de Janeiro. Foi crítico de rádio no jornal Público, em Lisboa. Escreveu as normas de redação das rádios Gaúcha e Jornal do Brasil, na década de 80, e recebeu vários prêmios no jornalismo.

Eduardo Meditsch foi membro da Comissão Nacional de Ética da FENAJ. Publicou os livros “O Conhecimento do Jornalismo”; “Rádio e Pânico: A Guerra dos Mundos 60 anos depois”, “A Rádio na Era da Informação” e “Teorias do Rádio: textos e contextos”. Tem trabalhos acadêmicos publicados em vários países e participa do conselho editorial de revistas científicas de comunicação do Brasil, América Latina, Portugal e Espanha. Em 2003, recebeu o Prêmio Luiz Beltrão de Ciências da Comunicação, da Intercom, na categoria Liderança Emergente.

Na área acadêmica, sua experiência também o credencia para o diálogo com os participantes desta entrevista. Com Mestrado na USP e doutorado na Universidade Nova de Lisboa, Meditsch coordenou o Núcleo de Pesquisa em Rádio e Mídia Sonora da Intercom e foi fundador e primeiro Diretor Científico da Sociedade Brasileira dos Pesquisadores de Jornalismo (SBPJor). Atualmente é, também, coordenador do Grupo de Estudos em Jornalismo da Associação Latino-americana dos Pesquisadores da Comunicação (Alaic).

Feita a devida apresentação, vamos à entrevista.

E-FENAJ – Professor, antes de passarmos às perguntas de nossos participantes, poderia nos contar quais as premissas que sustentaram a necessidade de criação deste primeiro curso de Mestrado em Jornalismo no Brasil?

Eduardo Meditsch – Em primeiro lugar é preciso lembrar que já houve um mestrado (e doutorado) em jornalismo na Universidade de São Paulo, no período em que a pós-graduação da ECA esteve sob a liderança do professor José Marques de Melo, que procurou reforçar esta identidade nos anos 80. Com a aposentadoria dele na USP, o grupo que sustentava a proposta começou a perder hegemonia internamente, e nas sucessivas reformas porque passou a pós, o jornalismo foi perdendo terreno, deixou de ser uma área de concentração e, mais recentemente, até de ter linhas de pesquisa específicas. Com isso, só restou identidade para esta área de interesse acadêmico na experiência da Universidade de Brasília, que criou e mantém há vários anos no seu mestrado e doutorado em comunicação uma linha de pesquisa chamada ‘Jornalismo e Sociedade’. O que é muito pouco para um país no tamanho do Brasil, com dezenas de milhares de jornalistas atuando na área, mais de seiscentos cursos de comunicação, grande parte deles com habilitação em jornalismo, e já agora com trinta programas de pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado) na área de comunicação.

O principal objetivo de um mestrado é a formação acadêmica: formar professores que vão atuar na graduação e pesquisadores que vão atuar lá e também na pós, produzindo conhecimento novo sobre seu campo de especialidade. O que se observa no Brasil é que, pela ausência de programas e linhas de pesquisa específicas, muitos jornalistas que buscam formação acadêmica têm que se desviar de seu foco de interesse para obter a titulação necessária para fazer carreira na universidade. Vários se afastam tanto de seu objeto de estudo neste processo que, quando voltam a atuar como docentes, principalmente nas disciplinas chamadas técnicas, se tornaram mais desinformados e desatualizados sobre aquilo em que deveriam ter se aperfeiçoado na pós. É um desvio muito grande, provocado pela maneira como se desenvolveu historicamente a área de comunicação, marcada pela ruptura da teoria com a prática e por um mergulho nas ciências humanas puras que a afasta cada vez mais da sua função de ciência aplicada.

O segundo objetivo de uma pós-graduação é a produção de conhecimento propriamente dita, e nunca a atividade jornalística precisou tanto da ciência como neste momento de profunda e acelerada transformação, incerteza e abertura de novas possibilidades. A pós pode e deve funcionar como centro de pesquisa, produzindo conhecimento novo que responda às questões suscitadas pela prática. É certo que temos excelentes pesquisadores do jornalismo atuando na maioria dos programas de pós em comunicação no Brasil, mas eles também são obrigados a um certo desvio para se adequarem às linhas de pesquisa de suas instituições, quando não são específicas de jornalismo, e isso é um obstáculo não desprezível para o desenvolvimento da nossa área.

Há muito tempo a UFSC tem uma posição crítica em relação a este processo, e por isso optou por criar um mestrado especializado em jornalismo. Não foi um processo fácil, inicialmente ele recebeu resistência dentro do próprio departamento, que se dividiu sobre o tema, e enfrentou forte campanha contrária de lideranças nacionais importantes da área acadêmica: por tudo isso demorou para sair. Mas se viabilizou pela persistência e pela coerência da proposta, que é fiel ao jornalismo e ao mesmo tempo atende a todos os requisitos formais exigidos pela Capes, o órgão do Ministério da Educação que regulamenta e avalia a pós-graduação, e que são cada vez mais exigentes.

É de se ressaltar, no entanto, que a aprovação do curso foi feita, em primeira instância, pelo comitê da Área de Comunicação na Capes, o que mostra uma evolução da própria área, no sentido de admitir a diversidade de perspectivas em seu interior. E abre caminho para que outros mestrados e doutorados em jornalismo surjam nos próximos anos, atendendo à mesma demanda que, certamente, só a UFSC não conseguirá atender. Na nossa primeira seleção, conseguimos abrir apenas dez vagas, e já recebemos 56 candidatos vindos de nove estados brasileiros e dois outros países latino-americanos, mesmo com uma divulgação bastante restrita do curso.

E-FENAJ – Há quanto tempo vinha se gestando a proposta de criação do Mestrado e por quê só agora ele está sendo viabilizado, uma vez que a criação dos cursos de graduação em Jornalismo, ou Comunicação Social com habilitação em Jornalismo já ocorre no país há muito tempo?

Eduardo Meditsch – Quase desde o seu início, em primórdios dos anos 1980, o grupo que fundou a área de Jornalismo na UFSC já pensava em “criar uma Escola, mais do que um Curso”, no sentido de uma escola de pensamento, como propunha Daniel Herz, com uma visão ao mesmo tempo crítica, em relação ao modelo dominante de ensino de comunicação, e empreendedora, capaz de transformar utopia e realidade. Com esse projeto, ele conseguiu atrair gente como Adelmo Genro Filho, que foi para lá semear as bases de uma teoria do jornalismo que afirmava a sua especificidade, e que serviu de alicerce para um projeto pedagógico na graduação que, pelo sucesso alcançado, e pelo reconhecimento nacional que obteve, colocou mesmo em tensão o modelo tradicional que se propunha a criticar.

Não sei se a UFSC segue ainda sendo o único curso “100% de jornalismo” no Brasil, mas é provável que sim, pois são vários os motivos que levam os outros a se acomodarem no formato de ‘habilitação’, mas o padrão que criou serve de referência tanto para a Fenaj quanto para o Fórum Nacional de Professores de Jornalismo, que em congressos recentes apontaram este modelo como o mais indicado para a formação profissional.

Daniel Herz e Adelmo infelizmente já se foram, mas este reconhecimento nacional, que se mantém já há vários anos, sustentado pelo suor e o talento de uma equipe que reúne mais gente de valor, identificada com os valores da profissão, conseguiu atrair outros grandes nomes da pesquisa em jornalismo para a UFSC, como o professor Nilson Lage, na década de 90, e o presidente da SBPJor, Elias Machado, mais recentemente, que vieram ajudar a construir a nossa pós.

A viabilização do mestrado, no entanto, requeria mais do que a presença dessas pessoas, devido às dificuldades políticas internas e externas, ao estrangulamento da universidade pública, principalmente no governo FHC, que por oito anos nos impediu de fazer qualquer contratação, até mesmo para repor as perdas de pessoal, e às crescentes exigências acadêmicas da Capes para aprovar novos cursos de pós.

A criação deste Mestrado foi um projeto de longo prazo, consumiu pelo menos dez anos, passando pelo investimento na titulação de nossos professores, no convencimento para que pesquisassem mais e na área específica, na criação de um grupo de pesquisa registrado no CNPq em 2000, na realização de quatro edições de um curso de especialização, na criação da revista Estudos em Jornalismo e Mídia em 2004, na publicação da produção dos docentes, na parceria com o Sindicato, a Fenaj e as empresas jornalísticas da região, no início de intercâmbios internacionais, principalmente com Portugal, e também na participação da construção do FNPJ e da SBPJor, que representam hoje um forte respaldo nacional para a área acadêmica do Jornalismo, antes inexistente.

Criadas estas condições, estamos podendo começar agora o Mestrado em Jornalismo, e esperamos estar abrindo caminho para outras instituições criarem projetos semelhantes. De nossa parte, iniciamos também agora a caminhada em direção à criação do Doutorado - o que pode levar mais uns bons anos, pois as exigências acadêmicas são ainda maiores - com o objetivo de realizar o sonho de Daniel, de criar ‘uma verdadeira escola’, consolidando em Florianópolis um centro de referência importante pesquisa em jornalismo.

E-FENAJ – Antônio José de Oliveira quer saber que enfoque será dado neste primeiro curso de mestrado em jornalismo? o investigativo? o científico? o factual? Você poderia, também, nos falar um pouco sobre qual a estrutura do Mestrado e a qualificação de seu corpo docente?

Eduardo Meditsch – O curso da UFSC não é exatamente um Mestrado Profissional, modalidade já admitida pela Capes que teria por objetivo aperfeiçoar a formação de graduados para atuarem no mercado de trabalho. É um Mestrado Acadêmico, voltado para formar docentes e pesquisadores. Por isso, não tem foco específico nessas especializações do jornalismo que você cita, embora possa eventualmente pesquisá-las, dependendo dos projetos dos professores e alunos envolvidos com o curso.

O foco do Mestrado da UFSC segue lógica diferente. Sua área de concentração é o estudo do jornalismo numa perspectiva bem ampla e plural, o que pode parecer muito aberto para quem lida com a atividade, mas ainda assim é um progresso, por ser fechada no jornalismo, já que as perspectivas das outras pós em comunicação em geral são muito mais abertas. Estamos iniciando o curso com duas linhas de pesquisa, que representam a capacidade de pesquisa docente no momento de criação do mestrado. A primeira, Fundamentos do Jornalismo, se preocupa em localizá-lo no mundo, numa perspectiva conceitual e histórica, e na de suas interfaces com outras instituições sociais e criações culturais. A segunda, Processos e Produtos Jornalísticos, se ocupa da análise dos mesmos, de seu funcionamento interno, com ênfase nas transformações em curso, provocadas pela mutação tecnológica.

Quanto à estrutura, cada uma dessas linhas está organizada em torno de um grupo de pesquisa, que tem a participação de um núcleo de pesquisadores e dos alunos que esses orientam. O Mestrado pode ser feito no prazo de um a dois anos, no primeiro dos quais é aconselhado ao aluno cursar as disciplinas, gerais e da sua linha, e no segundo realizar a sua pesquisa, escrever e defender a dissertação. As informações mais detalhadas sobre a estrutura do curso e o seu corpo docente estão disponíveis no site http://www.posjor.ufsc.br .

Quanto aos docentes, temos representantes de três gerações de professores, desde nosso titular Nilson Lage, que se aposentou, mas segue atuando no Mestrado, passando pelos professores associados, como eu, que representam o ‘grupo histórico’ da UFSC, e chegando às contratações mais recentes, que incluem pesquisadores já bastante conhecidos nacionalmente, como o Elias Machado, entre outros que se doutoraram há menos tempo, mas já tem produção científica expressiva. Todos são jornalistas, que se doutoraram em várias áreas e instituições, e todos possuem produção relevante sobre jornalismo, anterior à criação do mestrado. Além dos oito professores que compõem o corpo docente inicial do Mestrado, o Departamento de Jornalismo da UFSC já tem mais seis outros doutores formados e igual número de doutorandos em seus quadros, que se preparam para se incorporar à pós num futuro próximo.

E-FENAJ - Roseane Arcanjo Pinheiro, pesquisadora da Associação Maranhense de Imprensa e Mestre em Comunicação Social pela Universidade Metodista de SP, pergunta de que forma o Mestrado em Jornalismo fará a articulação entre a produção científica na área, as transformações no mundo do trabalho e as demandas da sociedade, que exigem um profissional em permanente formação para que possa lidar com a velocidade crescente no processo de produção da notícia, com o papel de interlocutor em um cenário de desigualdades e com as tecnologias cada vez mais sofisticadas?

Eduardo Meditsch – Mais do que uma pergunta, a questão propõe um desafio à altura da importância do jornalismo num país com a complexidade do Brasil. Certamente, articular a produção científica com o mundo do trabalho e as demandas da sociedade é um programa não apenas para o nosso Mestrado, mas para toda a Universidade brasileira. Nessa perspectiva, pretendemos sem dúvida contribuir para ele, mas temos consciência de nossas limitações, que são muitas, pois começamos como um curso pequeno. Um primeiro passo é procurar se manter a par do que ocorre nestes três mundos (o da produção científica, o profissional e o social), e não se deixar fechar dentro dos muros da universidade, alheio ao resto, como infelizmente ocorre tanto. Ainda neste semestre, marcando a criação do Mestrado, estamos programando o I Simpósio de Pesquisa Avançada em Jornalismo na Região Sul, que pretende enfrentar estas questões não apenas no debate, mas também no encaminhamento de parcerias que possibilitem ações concretas para o seu enfrentamento. Mas, certamente, resultados deste quilate são difíceis de apurar a curto prazo, e estamos apenas começando.

E-FENAJ - Iran Rosa de Moraes, que trabalha na Assessoria de Imprensa da Prefeitura de Lages (SC), considera que expandir o ensino de qualidade é uma premissa para o desenvolvimento do Brasil. E faz alguns questionamentos: há possibilidade de se oferecer um curso de mestrado em jornalismo, através de curso via satélite, de teleaulas? o que impede a implantação de tais cursos, já que a tecnologia hoje em dia permite isto? Ele acredita que esta seria uma forma de democratizar o sistema de ensino e eliminar pré-requisitos tais como "proficiência em língua inglesa".

Eduardo Meditsch – A UFSC vem multiplicando o seu raio de atuação através de pólos de ensino à distância espalhados por todo o estado de Santa Catarina. Esta infra-estrutura e o domínio da tecnologia e do know-how do ensino à distância, cada vez mais fortes em nossa universidade, abrem muitas perspectivas para a atuação da área de jornalismo, principalmente na formação permanente que se torna cada vez mais necessária, principalmente para os profissionais que optam pela vida mais saudável, mas ao mesmo tempo mais isolada do interior.

Desde o anúncio da criação do curso, temos recebido consultas sobre a possibilidade de sua realização à distância, que chegaram aos colegas do Observatório da Imprensa e nos foram repassados, e que também têm chegado diretamente a nós, vindos, por exemplo, do Rio de Janeiro, do Maranhão e do Amapá. A possibilidade de um Mestrado à distância está dada pela tecnologia, mas por enquanto não pela legislação. A Capes não permite ainda esta modalidade de Mestrado que, no entanto, já é aceita para Graduação e pós-graduação lato sensu, como MBA e Especialização.

A única possibilidade para a realização do Mestrado em Jornalismo da UFSC em outra cidade ou estado, no momento, seria a de um Mestrado Interinstitucional, que já é regulamentado pela Capes. Para que se concretizasse, no entanto, seria necessário o interesse de uma instituição do local onde se daria o curso, que atendesse às exigências da Capes, para realizá-lo em parceria com a UFSC. Além disso, precisaríamos ter pernas para realizar o curso em dois lugares ao mesmo tempo, o que por enquanto, neste início, com uma equipe reduzida, nos é ainda impossível.

Quanto à exigência de proficiência em inglês, é uma norma de toda a UFSC para os seus Mestrados, que se deve ao fato de grande parte da literatura científica mais importante ser publicada atualmente nesta língua (nós mesmo, da SBPJor, estamos publicando nossos trabalhos em inglês na Brazilian Journalism Research para participar deste diálogo internacional). Como o Mestrado se destina a formar professores e pesquisadores, se isso de fato não democratiza o seu ingresso, por outro lado democratiza a disseminação deste conhecimento, restrito ainda pela questão da língua, através da atuação profissional futura dos seus egressos.

E-FENAJ - Ari Junior, também de Lages, quer saber se com a realização ou promoção do primeiro mestrado em jornalismo no Brasil há uma idéia ou meta de ampliar os mestrados oferecidos na área em outros lugares. É possível tê-lo em algumas cidades do interior?

Eduardo Meditsch – Creio que já respondi parcialmente a pergunta na anterior, no que diz respeito à possibilidade da equipe do Mestrado da UFSC levá-lo ao interior do estado. Acrescentaria apenas que é bastante provável o surgimento de outros mestrados da área, em cidades de nosso estado ou no interior de outras unidades da federação. Entre os muitos cursos de graduação que estão sendo criados por todo o país, vários têm equipes docentes com qualidade para isso. Como nós, eles vão demorar um tempo para amadurecer os seus projetos e criar as condições necessárias para enfrentar a dura avaliação da Capes. Mas a aprovação do Mestrado da UFSC está encorajando professores ligados à profissão a pensar e propor outros mestrados em Jornalismo, e tenho conhecimento de que já há processos em andamento pelo menos no interior de São Paulo.

E-FENAJ - Renata Mello, de Vitória, diz que gostaria muito de fazer mestrado em jornalismo. Qual procedimento?

Eduardo Meditsch – Renata, a tua pergunta me dá a possibilidade de falar de um tema importante, de que me dei conta nesta nossa primeira seleção para o mestrado, que acabamos de realizar. Muitos candidatos com excelente currículo profissional e retrospecto escolar brilhante ficaram de fora, eliminados pela prova de inglês, pela prova de teoria do jornalismo ou pelo projeto de pesquisa, na competição com os outros. Nas instituições públicas como a UFSC é quase um novo vestibular (foram 5,6 candidatos por vaga), uma concorrência muito grande, na medida em que a vida acadêmica vira uma opção de mercado, mais cedo ou mais tarde, para quase todo profissional de jornalismo. Muitos colegas jornalistas, que têm currículos invejáveis e estão há anos longe da universidade, na correria das assessorias e das redações, pensam então em fazer o mestrado para voltar a estudar e ingressar na vida acadêmica. Mas, no processo de seleção, descobrem que não estão preparados para o que os espera: na verdade, seria preciso voltar a estudar antes, para fazer o mestrado depois, ou vão ficar em desvantagem na seleção, muitas vezes em relação a recém formados na graduação. Embora tenham um potencial excelente como pesquisadores, pela experiência profissional acumulada.

Certamente isso demanda um aperfeiçoamento dos nossos processos de seleção, mas a flexibilidade que os programas de pós podem ter em relação ao rigor acadêmico é pequena, porque eles mesmo estão sob constante processo de vigilância pela Capes, e os critérios da agência são muito duros, e valem tanto para um doutorado em física nuclear, matemática avançada, engenharia aeronáutica, filosofia clássica ou jornalismo.

Por isso é importante a conscientização dos eventuais candidatos para a necessidade de uma preparação prévia: o mestrado não funciona como um curso de atualização para quem ficou fora da universidade por muito tempo (papel que cabe mais à pós-graduação lato sensu), é antes um curso avançado para quem está pronto para a pesquisa científica numa área em que já tem domínio. E este ‘estar pronto’ passa em primeiro lugar por saber estruturar um projeto de pesquisa, com todos os seus elementos (definição do problema, justificativa, bases teóricas, metodologia, etc.) que é um planejamento essencial para que ele dê resultado.

Além da leitura em inglês, exigida por quase todas as universidades (principalmente as públicas, onde a concorrência é maior), é preciso se atualizar em relação à literatura técnica e científica da área. Há colegas que ainda pensam que, como há dez ou vinte anos atrás, continua não havendo quase bibliografia disponível sobre muitos aspectos do jornalismo, especialmente sobre o que pretendem pesquisar. E aí, em seus projetos, se propõem muitas vezes a ‘inventar a roda’. Mas o problema, hoje, é exatamente o inverso: há excesso de bibliografia sobre quase tudo, tanto no Brasil quanto no exterior. É preciso acessar esta bibliografia, conhecer e selecionar.

Um bom atalho, para quem pretende começar, quando já tem um curso, uma linha de pesquisa e um possível orientador em mente, quaisquer que sejam eles, é ir atrás da bibliografia produzida por essa pessoa, referenciada por ela e usada nos seus cursos, o que é fácil de averiguar com um mínimo de leitura e consulta na internet. Como este possível orientador, por obrigação profissional, já aferiu a bibliografia existente, partir de suas referências pode ser um diferencial importante.

Um segundo aspecto a considerar, relacionado a este, é que um curso de pós se organiza sobre linhas de pesquisa, isso é, se prepara para atuar em algumas áreas bem determinadas, sobre alguns temas, com algumas referências teóricas, com algumas metodologias que domina. Um projeto que considere o que já é feito pelo grupo e pelo possível orientador, que parta disso, acrescentando alguma coisa, principalmente baseada na reflexão e na experiência do candidato, será sempre bem recebido. Por outro lado, podem aparecer projetos brilhantes que uma determinada pós tenha dificuldade em assumir, porque não trabalha com aquele objeto, com aquelas referências ou com aquele enfoque. A pressão que a pós recebe por parte da avaliação da Capes, que tem mais a ver com a lógica de outras ciências mais tradicionais, que caminham no sentido de uma extrema especialização, obriga a que se especialize também, e muitas vezes tenha que descartar o que foge a sua especialidade para não ser prejudicada, por falta de coerência, nesta avaliação.

Outro aspecto, é que muitos candidatos deixam de fazer valer a sua experiência profissional – por exemplo, com quinze anos de reportagem política em jornal, na hora de fazer o projeto, a pessoa se propõe a estudar jornalismo cultural, ou a interatividade no jornalismo online. Aí, se arriscam também a inventar a roda numa área que não dominam, ou se equiparam com candidatos recém-formados, talvez mais atualizados nestes temas, enquanto poderiam trazer uma contribuição importante para a ciência jornalística com o conhecimento acumulado da vida real em sua especialidade. Ou, num outro extremo, conta apenas com essa experiência vivida para fazer o projeto, ignorando as dezenas de artigos e livros já publicados no meio acadêmico sobre o mesmo tema. Certamente, nesta literatura acadêmica, há muita coisa séria e também muitos equívocos, escritos por quem às vezes está longe da realidade, e quem tem a experiência prática pode apontar isso com autoridade, desde que se dedique a ler e fazer a crítica.

A observação destes aspectos já é um grande começo para um projeto sólido, que pode se tornar competitivo numa seleção.

E-FENAJ - Diogo Honorato, estudante de Jornalismo da UFSC, pergunta que medidas os professores do mestrado em jornalismo estão tomando para que as atividades do mestrado não afetem a qualidade de ensino de graduação, haja visto, segundo ele, ser comum entre os cursos de pós-graduação que os professores acabem se sobrecarregando.

Eduardo Meditsch – Caro Diogo, a tua preocupação é legítima, como aluno de uma graduação que a partir de agora vai dividir seus recursos humanos e materiais com o novo mestrado. Mas para atenuar este choque, que sem dúvida mexe com nossa rotina, tivemos a precaução de experimentar este compartilhamento, por alguns anos, oferecendo as quatro edições do curso de especialização que preparou o mestrado. E a graduação da UFSC não só sobreviveu à experiência neste período (desde 2000), como continua cotada como uma das melhores do país.

À partir da observação da experiência de outras instituições, e de outras áreas acadêmicas na nossa própria instituição, os professores do mestrado em jornalismo têm claro que a criação de uma pós stricto sensu pode contribuir muito para a elevação do nível da graduação, mas que isso não acontece automaticamente. Por outro lado, a criação do mestrado pode mesmo atrapalhar a formação profissional da graduação, se não houver um planejamento racional que acentue a simbiose dos projetos, em vez de estabelecer uma simples competição pelos recursos. Por isso, há mais de dois anos temos discutido a atualização e a adaptação, à nova realidade, de nosso projeto pedagógico no colegiado do curso de graduação, e esse trabalho precisa avançar e ser concluído o mais rápido possível.

De qualquer forma, há uma mudança de rotina em nossa instituição que, como toda mudança, gera alguma tensão até uma nova acomodação, o que você expressa bem. Sem dúvida o sucesso nessa travessia depende dos professores do mestrado, que são todos também professores da graduação; depende também dos professores da graduação que ainda não participam do mestrado; depende ainda da articulação entre as coordenações dos dois cursos; do diálogo entre seus corpos docentes e discentes; e, sobretudo, depende da gestão do Departamento de Jornalismo, a que estamos todos subordinados, e que tem a missão de articular isso conforme os compromissos maiores e os objetivos da instituição. De minha parte, acredito que o profissionalismo da equipe que fez o Jornalismo da UFSC se tornar o que é, e que já foi demonstrado tantas vezes, tende a prevalecer novamente.

E-FENAJ – Valeu Eduardo, obrigado por sua participação. A próxima edição da Coletiva da Federação será com Antônio Pereira da Silva, diretor do Sindicato dos Jornalistas de Alagoas. Ele abordará a experiência da ocupação do jornal Tribuna de Alagoas, após o não pagamento de salários e direitos dos trabalhadores pelos diretores da empresa, e a alternativa de construção de uma cooperativa por jornalistas, gráficos e administrativos.

http://www.fenaj.org.br/materia.php?id=1739

Mestrado em Jornalismo: a ofensiva catarinense

Pessoal este texto foi publicado no boletim da FENAJ.
Opiniões?


Mestrado em Jornalismo: a ofensiva catarinense

* José Marques de Melo

Resgatar a identidade da área de Jornalismo no campo da Comunicação Social, como acontece nas universidades de todo o mundo, tem constituído uma espécie de obsessão para o Departamento de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina. Por isso, aquela unidade de ensino e pesquisa vem se distinguindo no plano nacional, respaldada pela nossa corporação profissional.

Historicamente constituído como mosaico, formado pelas carreiras profissionais que gravitam em torno da indústria midiática, o campo da Comunicação sofreu enorme distorção, no Brasil, quando se desvinculou da tutela das Letras para se converter em satélite das Ciências Sociais.

Se ganhou densidade acadêmica, assimilando o habitus peculiar aos que produzem conhecimento teórico, a comunidade do Jornalismo perdeu em substância cognitiva, distanciando-se do empirismo típico da rotina das redações.

Esse reducionismo pedagógico tem se agravado pela composição recente do corpo docente dos cursos de graduação em Jornalismo. Pois ali a atividade noticiosa muitas vezes se converte em mero pretexto para o trabalho de pesquisa. Seus professores, muitas vezes jovens doutores ou mestres que nunca exercitaram a profissão, ignoram o contexto que lhes dá sentido. Por isso os alunos que diplomam sentem-se inabilitados para o exercício das tarefas demandadas pelo mercado, quando iniciantes na profissão.

Em função disso, a UFSC pretendeu ser coerente com a vocação histórica do seu curso de bacharelado, propondo à CAPES um curso de mestrado cuja área de concentração esteja nucleada pelo Jornalismo. Mesmo distanciando-se dos programas nacionais congêneres, cuja identidade acadêmica é nitidamente focada em processos comunicacionais amplos e genéricos, a iniciativa foi bem acolhida pelas instâncias competentes e o novo mestrado acaba de ser instalado.

Por que a ofensiva catarinense vem sendo rotulada como pioneira, como se fosse o primeiro curso do gênero no país?

O equívoco é conseqüência da silenciosa desativação do tradicional programa de pós-graduação da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Desde os anos 70, ali foram mantidos cursos dotados de áreas de concentração em campos profissionais como Jornalismo, Cinema, Propaganda, Relações Públicas, Rádio-Televisão.

O caminho percorrido pela ECA-USP na pós-graduação remonta, aliás, à própria fundação da escola, quando foram instituídos cursos de doutorado em cada uma das áreas profissionais. A essa primeira geração de jornalistas-doutores, diplomados pela instituição, coube formar as várias gerações de Mestres e Doutores que, desde 1972, optaram pela área de concentração em Jornalismo. Desse contingente uspiano, fazem parte, aliás, alguns dos professores que lideram hoje o novo Mestrado em Jornalismo de Santa Catarina.

É tempo de recuperar o tempo perdido, fazendo a autocrítica dos equívocos cometidos por razões historicamente talvez justificáveis. Afinal de contas, o Jornalismo vem experimentando mutações substantivas, desafiando a inteligência e o bom senso daqueles que ensinam ou pesquisam esse fenômeno essencial para o fortalecimento da sociedade democrática.

A comemoração dos 40 anos de fundação do Departamento de Jornalismo da ECA, no próximo ano, oferece um bom pretexto para ações destinadas a restaurar a identidade profissional do Jornalismo na USP. Um bom começo pode ser a recriação do Mestrado e Doutorado específicos na área, como ocorre nas boas universidades dos Estados Unidos, Austrália, China ou Canadá.

*Jornalista, professor universitário, diretor da Cátedra UNESCO de Comunicação da Universidade Metodista de São Paulo e presidente da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares de Comunicação

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Benedict Anderson


Michael Schudson, em texto comentado em sala de aula (“Enfoques históricos a los estúdios de la comunicación”), afirma que um dos livros tristemente menoscabados pela história da comunicação é “Immaged Communities: Reflections on the Origin and Spred of Nationalism” (1983), da autoria de Benedict Anderson.
As reflexões de Anderson são importantes porque conseguem descrever de forma original a participação da imprensa e das atividades comerciais na construção dos Estados-nacionais europeus. Para o autor, as novelas e os jornais teriam concorrido para a formação mercados consumidores homogêneos, que se tornariam, n’último caso, as “comunidades políticas imaginadas”. Diz ele: “as línguas impressas criaram campos unificados de intercâmbio e comunicação abaixo do latim e acima as línguas vulgares faladas. Os falantes da enorme variedade de línguas francesas, inglesas, ou espanholas, que podiam achar difícil, ou até mesmo impossível, compreender-se reciprocamente em conversa, tornaram-se capazes de compreender-se via imprensa e papel (...)”
Estes estudos devem ser lidos por quem busca uma compreensão mais aprofundada do exercício jornalístico, já que confirmam o estatuto do jornais como, nas palavras de Hegel, “prece matinal” do homem moderno. O ritual de tomar silenciosamente o jornal nas mãos e lê-lo, simultaneamente a milhares de outras pessoas, forneceria aquela segurança notável das comunidades anônimas, que é garantia das nações modernas.

Ele está traduzido em português sob o nome “Nação e Consciência Nacional”, pela editora Ática.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Instrucciones

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Certa feita, o prof. Elias citou como exemplo de uma boa narração um trecho de um conto do Júlio Cortázar, escritor argentino mestre no assunto.

Fui procurar nos livros que tenho do Cortázar, não achei nada. Recorri ao Google, e foi então que achei um trecho que, creio eu, seja o que o Elias se referia. O nome do conto é "Instrucciones para subir una escalera", do livro História de Cronópios e Famas. (aqui tem o livro na íntegra para ler. Talvez não seja a melhor entrada para a obra do Cortázar, mas vale a leitura)

Reproduzo abaixo o conto.


Instrucciones para subir una escalera



Nadie habrá dejado de observar que con frequencia el suelo se pliega de manera tal que una parte sube en ángulo recto con el plano del suelo, y luego la parte siguiente se coloca paralela a este plano, para dar paso a una nueva perpendicular, conducta que se repite en espiral o en línea quebrada hasta alturas sumamente variables. Agachándose y poniendo la mano izquierda en una de las partes verticales, y la derecha en la horizontal correspondiente, se está en posesión momentánea de un peldaño o escalón. Cada uno de estos peldaños, formados como se ve por dos elementos, se situá un tanto más arriba y adelante que el anterior, principio que da sentido a la escalera, ya que cualquiera otra combinación producirá formas quizá más bellas o pintorescas, pero incapaces de transladar de una planta baja a un primer piso.

Las escaleras se suben de frente, pues hacia atrás o de costado resultan particularmente incómodas. La actitud natural consiste en mantenerse de pie, los brazos colgando sin esfuerzo, la cabeza erguida aunque no tanto que los ojos dejen de ver los peldaños inmediatamente superiores al que se pisa, y respirando lenta y regularmente. Para subir una escalera se comienza por levantar esa parte del cuerpo situada a la derecha abajo, envuelta casi siempre en cuero o gamuza, y que salvo excepciones cabe exactamente en el escalón. Puesta en el primer peldaño dicha parte, que para abreviar llamaremos pie, se recoge la parte equivalente de la izquierda (también llamada pie, pero que no ha de confundirse con el pie antes citado), y llevándola a la altura del pie, se le hace seguir hasta colocarla en el segundo peldaño, con lo cual en éste descansará el pie, y en el primero descansará el pie. (Los primeros peldaños son siempre los más difíciles, hasta adquirir la coordinación necesaria. La coincidencia de nombre entre el pie y el pie hace difícil la explicación. Cuídese especialmente de no levantar al mismo tiempo el pie y el pie).

Llegando en esta forma al segundo peldaño, basta repetir alternadamente los movimientos hasta encontrarse con el final de la escalera. Se sale de ella fácilmente, con un ligero golpe de talón que la fija en su sitio, del que no se moverá hasta el momento del descenso.

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quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Aproximação à graduação (1)

Bem, andamos discutindo bastante nos últimos dias, sobre os mais variados assuntos, com os mais diferentes pontos de vistas, e um dos poucos tópicos abordados que não rendeu contraposições apaixonadas foi o que diz respeito a nossa tentativa de aproximação com a graduação.

Pois bem.
Não na próxima, mas na outra semana, de 22 a 26 de outubro, vai acontecer a VI Semana do Jornalismo. A programação completa e mais informações sobre o evento no bom site que o pessoal produziu, o www.semanadojornalismo.ufsc.br.

Não vão nos liberar das aulas, suponho. Mas como tem programação na parte da manhã e da noite, com palestras começando às 18h30, podemos pelo menos prestigiar uma parte do evento.
As inscrições abrem no dia 15, próxima segunda-feira, e poderão ser feitas diretamente no site.
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terça-feira, 9 de outubro de 2007

Mais uma do Coletiva.net

JORNALISMO | Terça-feira, 09 de Outubro de 2007 | 17:28

Jornalista Christa Berger recebe Prêmio Adelmo Genro Filho


A jornalista Christa Berger, coordenadora da Pesquisa e Pós-Graduação em Comunicação da Unisinos, será agraciada com o Prêmio Adelmo Genro Filho, promovido pela Sociedade Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo (SBP Jor). A professora será homenageada, na categoria Sênior, pela contribuição de mais de 20 anos de pesquisas para consolidar o Jornalismo como área científica. Segundo ela, toda premiação é um reconhecimento ao trabalho em conjunto e um incentivo. “Além disso, é muito importante, pois presta uma homenagem a esse jovem pesquisador que uniu jornalismo e pesquisa”, afirma.

O prêmio será entregue durante o 5º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo, em Aracaju, realizado de 15 a 17 de novembro, e no qual a homenageada participará de uma mesa de debates sobre Jornalismo e Cinema. A edição 2007 do concurso, que foi criado em 2004, recebeu 30 trabalhos de 24 instituições diferentes nas categorias Iniciação Científica, Mestrado, Doutorado e Sênior. O Prêmio Adelmo Genro Filho de Pesquisa em Jornalismo destina-se a identificar anualmente quais os pesquisadores que apresentaram contribuições relevantes para o campo da pesquisa em jornalismo, de modo a construir a identidade desse campo científico.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Porto Alegre sedia IX Seminário Internacional de Comunicação

Pessoal, chupei a informação do Coletiva.net. A quem interessar possa, no mês que vem acontece um evento na área na Capital gaúcha. Abração a todos.

Nos dias 7 e 8 de novembro acontece na PUC o IX Seminário Internacional de Comunicação, que este ano tem como tema "Simulacros e (dis)simulações na sociedade hiper-espetacular". O evento homenageia o filósofo Jean Baudrillard, falecido este ano, e também os 40 anos de publicação do ainda atual livro "A Sociedade do Espetáculo", de Guy Debord. Dentro das atividades do seminário estão programadas palestras de comunicólogos nos períodos da manhã e da noite e, durante a tarde, grupos de trabalho – divididos em áreas da comunicação. As inscrições podem ser feitas através do site www.pucrs.br/eventos/sicom e os valores vão de R$ 50 a R$ 90.

Quando: 07 e 08/11/2007
Onde: PUC-RS em Porto Alegre

Menção Honrosa SBPJor

A Sociedade Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor) revelou os resultados do Prêmio Adelmo Genro Filho – edição 2007.

Nosso colega do Mestrado, colaborador deste blog e trilheiro de fim-de-semana Felipe Simão Pontes foi o vencedor na categoria *Menção Honrosa na categoria Iniciação Científica*, com o trabalho "Nuances de Análise Histórica do Jornalismo: homens, mulheres e a cidade nas páginas do Diário dos Campos (1910-1923)", orientado pelo professor Sérgio Gadini, da Universidade Estadual de Ponta Grossa.

Parabéns Felipe!

A notícia completa, via blog do Gjol, vai abaixo.

A coordenadora do prêmio, professora Márcia Franz Amaral, da Universidade Federal de Santa Maria, informa que houve 30 trabalhos de 24 instituições diferentes inscritos nas categorias Iniciação Científica, Mestrado, Doutorado e Sênior. A entrega do Prêmio será feita durante o 5º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo, na cidade de Aracaju (SE), de 15 a 17 de novembro.

As Comissões Julgadoras das categorias Iniciação Científica, Mestrado e Doutorado foram formadas de cinco membros, designados pela coordenadora da premiação, sendo quatro membros entre os sócios plenos (doutores) da entidade, e o quinto membro escolhido entre os integrantes do Conselho Cientifico da SBPJor. A categoria sênior foi julgada pelo conjunto dos membros do Conselho Científico e da diretoria executiva da SBPJor.


As Comissões avaliaram os seguintes quesitos: mérito científico, adequação ao campo do jornalismo, metodologia, originalidade, uso correto da bibliografia, inovação conceitual/teórica ou experimental/aplicada sobre o jornalismo.
Os vencedores foram os seguintes:

Categoria: Sênior
Profa. Dra. Christa Berger
Universidade do Vale do Rio dos Sinos

Categoria: Doutorado
Título do Trabalho: Uma trajetória em redes: modelos e características operacionais das agências de notícias: modelos e características operacionais das agências de notícias, das origens às redes digitais: com estudo de caso de três agências de notícias
Autor: José Afonso da Silva Júnior
Orientador: Marcos Silva Palácios
Instituição: Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia

Categoria: Mestrado
Título do Trabalho: A qualidade da informação jornalística: uma análise da cobertura da grande imprensa sobre os transgênicos em 2004
Autor: Carina Andrade Benedeti
Orientador: Luiz Gonzaga Figueiredo Motta
Instituição: Mestrado em Comunicação/Universidade de Brasília (UnB)

Categoria: Iniciação Científica
Título do Trabalho: O uso da infografia na revista Saúde!
Autor: Elaine Aparecida Manini
Orientador: Tattiana Teixeira
Instituição: Universidade Federal de Santa Catarina

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domingo, 30 de setembro de 2007

Notas introdutórias à pesquisa acerca da imprensa que concorreu para a independência política brasileira.

Conforme proposto a respeito dos projetos de dissertação, para que pudéssemos, enquanto comunidade interpretativa, dar uns aos outros uma idéia geral referente às respectivas pesquisas, escrevo umas notas introdutórias sobre a imprensa panfletária que concorreu para a consumação da independência política do Brasil em 1822.
Um estudo como tal não se pode dissociar de ferramentas específicas do ofício do historiador, qual seja um recorte temporal ou métodos de abordagem do documento histórico. Temos, neste sentido, instrumentos que provém dos metódicos, marxistas ou da história nova. A primeira privilegiando documentos políticos e sucessões de eventos, adequada à proposta de uma História Universal, a segunda as lutas entre classes e a lida do homem com os modos de produção, chamada materialismo histórico, e a terceira, mais frinchada em termos de metodologia, que privilegia abordagens culturais, reconhecendo, sobretudo, que toda a história é brotada de perguntas específicas, sem pretensões de universalidade.
À recriação de um cenário cultural, o Rio de Janeiro em ebulição intelectual, como o foi de 1808 até 1822, sugere uma abordagem mais flexível, mas não por isto menos conceitual. Portanto, vou intercalar elementos dos estudos marxistas da nova esquerda inglesa com os estudos da história cultural francesa. Neste cenário cultural recriado, agirão os jornalistas, como principal força intelectual, motivando (direta ou indiretamente) a independência brasileira e selecionando momentos percebidos como parte da memória nacional. Sentidos aqui selecionados impregnarão a historiografia subseqüente e serão tidos como constituintes do sentimento de nacionalidade brasileiro.
Este estudo será dividido em três capítulos, tal como é narrada a batalha de Canudos por Euclides da Cunha, agora numa perspectiva sobretudo cultural:
1) Os atores: jornalistas, chamados de elite intelectual, reconhecendo em si mesmos o notável papel de conduzir os rumos da história brasileira. A saber: Correio Brasiliense (um espaço de sedimentação de sentidos do Iluminismo, antena re-transmissora dos acontecimentos em curso na Europa e de reflexão sobre os eventos em curso no Brasil), Despertador Brasiliense, Gazeta do RJ, Bem da Ordem, Revérbero, Conciliador do Reino Unido, A Malagueta, O Espelho, etc. Observa-se uma reincidência de redatores. Neste momento, o que se quer, sobretudo, é influir nos rumos da política brasileira, buscando convencer D. João ou D. Pedro acerca da tomada de certas decisões consideradas importantes. O jornal vai se configurando como uma esfera pública pseudo-burguesa (não existe no Brasil uma burguesia formada).
2) O palco: o Rio de Janeiro em ebulição política. As transformações geradas na capital pela presença da corte possibilitaram a circulação de periódicos (até 1821, quando D. Pedro I libera o Brasil da censura, apenas 3 estão em circulação). As disputas verbais entre os jornalistas, especialmente após a supracitada data, são caracterizadas como “insultos impressos”. Destarte, este capítulo discute, em linhas gerais, as medidas tomadas por D. João VI que possibilitaram o arejamento cultural brasileiro e a entrada de um Iluminismo mitigado. Com vistas em não entrar demasiadamente no ofício do historiador, este capítulo sofrerá restrições historiográficas, sem perder de vista a comunidade interpretativa que formaram os atores em questão.
3) O conflito: quais foram os sentidos vitoriosos e que se cristalizaram no imaginário da cultura nacional brasileira? Este capítulo é acima de tudo conceitual e descreve, sem pretensões relativas à Verdade, de que forma a imprensa ajudou a minar o sistema colonial e fundar, nos trópicos, um, entre aspas, Estado-nacional moderno. Fica aqui também um ensaio relativo às peculiaridades da imprensa canarinha, que pode, noutra feita, ser discutido com maior profundidade.
Por fim, o que se pretende é reconstruir um cenário cultural e colocar nele os devidos atores, com suas respectivas idéias acerca da construção da nacionalidade brasileira. Em termos de recorte temporal para leitura do discurso (não será feita uma AD), 1820-2. Minha pretensão é oferecer uma colaboração ao estudo da história da imprensa brasileira.

Agradeço a atenção e disponho-me a ler os projetos dos colegas, oferecendo, na medida do possível, contribuições, especialmente no que diz respeito ao estudo da história. Quanto a mim, tenho como principal dificuldade o acesso às fontes. São 19 os jornais passíveis de serem estudados, divididos em bibliotecas do Rio de Janeiro e São Paulo. É, portanto, uma pesquisa que para bom andamento depende de incentivo financeiro.

Ps. Só tenho disponibilidade de escrita através de lan house.

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Leitura imprescindível, pra gente enfrentar o desafio!

Eduardo Meditsch, nosso professor que coordena o Mestrado recém-implantado na UFSC lutava há anos para ver este seu sonho se tornar realidade. Tive o prazer de encontrar na web um texto dele produzido há seis anos e que pude degustar esta semana. Nosso desafio está colocado. Leituras como esta só contribuem.

Um abração a todos. Boa leitura, além de um excelente final de semana, que ninguém é de ferro!!!


Comunicação ao IV Fórum Nacional de Professores de Jornalismo.
Campo Grande, 2001

Problemas a superar na pesquisa em jornalismo.

Eduardo Meditsch
Professor da UFSC

Em recente entrevista à editora da Revista Brasileira de Ciências da Comunicação, publicada pela Intercom, o representante da área junto à Capes, professor Wilson Gomes, da Universidade Federal da Bahia, traça um quadro bastante lúcido da pesquisa brasileira na área da comunicação. Por um lado, ele constata um grande crescimento no volume desta pesquisa: em 1999, os treze programas de pós-graduação da área que já funcionavam no país declararam à Capes a realização de 476 projetos de pesquisa realizados por seus professores, 647 pelos doutorandos e 1489 conduzidas pelos mestrandos, totalizando 2612 projetos em andamento.

A íntegra do texto do professor está disponível clicando aqui.

Reunião Terça-feira

Eu e Felipe recebemos algumas respostas. Vou organizar todos as informações que conseguir até amanhã e levar na terça-feira para conversarmos. Todos conseguem chegar um pouco mais cedo ? + ou - 13:00h ?
Podemos aproveitar para discutir também quem será o representante discente na Comissão de Bolsas, quais os critérios que julgamos interessantes, nossas dúvidas e possibilidades. Antes da reunião do Colegiado, para que isso já possa entrar na pauta.
Qt ao nosso Blog, acho que deve ser um espaço de recados e sugestões, mas principalmente de discussões sobre temas do nosso interesse que às vezes não temos como prolongar na sala. Sei que estamos todos, ainda, sem toda a infra-estrutura que gostaríamos, mas para essa idéia dar certo seria legal se todos entrassem pelo menos duas vezes por semana no Blog, para dar uma olhada nos posts...
Como primeiro tema sugiro nossos objetos. Como estão as reformulações dos projetos? Todos já conseguiram delimitar?

Marcadores, títulos e links

Sugiro colocar marcadores em cada post que for produzido. Ficará mais fácil de se achar depois que tivermos um número considerável de posts.
Nos que dizem respeito ao blog, coloquei a tag "sobre o blog" para padronizar.

Títulos também facilitam na visualização mais "ordenada" do blog.

Coloquei inicialmente um link para o site do mestrado. Quem quiser acrescentar algum basta ir em "Modelo", "Elementos da página" e "Links". Ali explica bem como colocar.

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Sugiro como primeira pauta o andamento dos contatos com pesquisadores de outras universidades: em que pé está e como dividir as tarefas?
O início é um título pretensioso para qualquer coisa que se pretenda um início. Somos uma turma que busca delimitar alguma coisa, um espaço onde se espraiam ou sedimentam discursos, mas não algo totalmente novo.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

O início

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Bem, aqui está o blog do Mestrado em Jornalismo da UFSC, o primeiro em jornalismo do Brasil, criado pela primeira turma do curso, passados pouco mais de um mês do primeiro mês de aula.

Ele pretende ser o espaço virtual de discussão do Mestrado. Como tal, não se prestará somente para discussões, mas para tudo aquilo que os membros da primeira turma - num primeiro momento - acharem que podem publicar nele.

Alguma noção do que é ou não apropriado para se publicar aqui creio que todos os que postarem devem ter, obviamente.

Regras para postagens existirão; por agora, fica valendo a de que todos tentem escrever da maneira que os outros possam entender.